Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 587-1 | ||||
Resumo:A leptospirose é uma zoonose de distribuição global que possui como agentes etiológicos bactérias patogênicas do gênero Leptospira. Essa zoonose afeta cerca de 1.000.000 de pessoas por ano no mundo, principalmente em localidades com baixos índices de saneamento. Leptospiras são espiroquetas Gram negativas, cujo crescimento ótimo in vitro ocorre com pH entre 7,2 e 7,6, e apresentam amplo perfil de susceptibilidade a agentes físicos e químicos. Apesar de serem bactérias sensíveis às condições de estresse, leptospiras sobrevivem por meses na água e no solo. A leptospirose é um problema de saúde pública, tanto para humanos como na veterinária. Sabemos que leptospiras formam biofilmes in vitro, in vivo e no ambiente. Esse fenótipo classicamente representa um mecanismo de proteção à estresses em diversos gêneros bacterianos. Um estudo recentemente publicado demostrou que leptospiras patogênicas mutantes com maior capacidade de formar biofilmes do que cepas selvagens sobrevivem mais a exposição repentina a diversas condições físico-químicas, como variações de temperatura, pH e salinidade. Entretanto, não temos conhecimento se o cultivo em pHs não ótimos altera a formação de biofilmes por Leptospira. O objetivo geral desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes pHs na formação de biofilmes por Leptospira e na sobrevivência dessas bactérias. Para isso, cultivamos Leptospira biflexa em meio de cultura EMJH com diferentes pHs (5,0; 6,5; 7,5 e 8,5), por 48 horas, para formação do biofilme maduro. Realizamos a quantificação indireta da biomassa do biofilme com cristal-violeta por densidade óptica (O.D.) com espectrofotômetro e avaliamos a viabilidade de leptospiras neste fenótipo através do teste de viabilidade celular com alamarBlue. Com isso, observamos que não há formação de biofilme por essa espécie em pH 5,0. Há formação de biofilme em pH 6,5, com leituras de O.D. de aproximadamente 0,6, entretanto, essa biomassa foi significativamente inferior ao observado nos cultivos em pHs 7,5 e 8,5 (aproximadamente 1,9 de O.D.). Não houve diferença estatística entre as biomassas quantificadas em pH 7,5 e 8,5. Apesar das biomassas quantificadas diferirem entre os pHs testados, observamos que os pHs 6.5, 7,5 e 8,5 apresentaram resultados semelhantes de viabilidade celular; contudo, observamos que o cultivo em pH 5,0 leva à morte celular em L. biflexa nas condições testadas. Nossos resultados sugerem que pHs mais ácidos afetam negativamente a formação de biofilmes por Leptospira e reduzem a sua viabilidade celular. Os resultados obtidos demonstram que a exposição a condições de estresse por pH interfere na formação de biofilmes por Leptospira. O presente trabalho tem implicações na compreensão das condições físico-químicas ambientais que podem propiciar ou inibir a formação de biofilmes por bactérias do gênero Leptospira, permitindo um melhor entendimento da persistência ambiental dessas bactérias. Palavras-chave: Biofilme, Espiroqueta, Estresse, Leptospirose Agência de fomento:CNPq |